domingo, 25 de novembro de 2018

Poema periférico para Fernando Alves



Poema periférico para Fernando Alves

Estamos de novo na Pátria da Chuva
A ouvir como ela cai devagar no pinhal
Sobre a cama que a caruma faz na Terra.
Tal como na Idade Média os rios dividem
Os concelhos e os homens bons de cada vila
Com o pendão e a caldeira às ordens do rei.
Ao longe há homens a recolher as pontes
De plástico que ligam as margens no Verão
Com Proença-a-Nova e Sertã a poucos metros.
Há um firme adeus ao tempo das férias anuais
Uma recente solidão que se instala neste vale
Onde a Ribeira da Isna corre cada vez mais só.
Por outro lado este Lagar de Azeite vai abrir
Com gente de longe e carradas de azeitona
À procura do resultado feliz no prato branco.
Quando a noite chega entre lume e chaminés
Os homens saem da adega com as concertinas
A encher de som a rua principal da nossa aldeia.

José do Carmo Francisco   

(Fotografia de autor desconhecido)

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