sábado, 17 de novembro de 2018

Poema periférico para Cristiano Ronaldo



Poema periférico para Cristiano Ronaldo

Esse domingo em mil nove nove nove
No dia 17 de Outubro em Pina Manique
Não sairá da minha memória de afectos.
Meu avô, minha mãe, meu primo-afilhado
Foram fonte de angústia dos telefonemas
Nos domingos de manhã para morrer.
No teu caso tiveste um árbitro atento
Um enfermeiro competente e dedicado
Um delegado ao jogo sempre a teu lado.
O campo era pelado, estava muito frio
E ao mesmo tempo uma chuva miúda
Criou as condições para a tua taquicardia.
Se recebes um troféu lembro essa manhã
Na qual um grupo de pessoas a teu lado
Se recusou a aceitar a photo finish da morte.
À mesma hora a tua mãe sem nada saber
Abria um pão para colocar uma banana
Manjar de quem era em 99 ainda pobre.

José do Carmo Francisco        

(Fotografia de Vinicius Carriço)

Sem comentários:

Enviar um comentário