quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Novo poema nº 6 para Ana Isabel


Novo poema nº 6 para Ana Isabel

Esta rua discreta tem um arco de pedra como se fosse um agrafe gigante a unir duas casas; dois blocos de telhado, a parede, as portas e as janelas.

Por aqui passaram noutro tempo muitas carruagens com gente apressada; tanto quanto se podia ter pressa no século XVIII.

Porque tudo se dilui na memória dos afectos pessoais, cinquenta e cinco anos depois da primeira passagem entre a Rua de O SÉCULO (que já foi Rua Formosa) e o Hospital de Jesus.   

José do Carmo Francisco

(Fotografia de Paulo Guedes)


segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Brado e clamor nº 26 para Ana Isabel


Brado e clamor nº 26 para Ana Isabel

Hoje soube que na Festa do Jardim Infantil do meu neto António que tem cinco anos cantaram uma canção de José Mário Branco na qual se diz que «quando for grande quero ser pequeno». 

Poucos minutos depois vi um filme sobre Sandy Denny (1947-1978), vocalista do Grupo Fairport Convention e ainda agora rainha da pop inglesa cujo corpo repousa num dos cemitérios de Londres.

O segredo está em perceber que ao lado da luz da vida está o escuro da morte, entre o Príncipe Real e Putney Vale, um jardim e um cemitério, uma possível chave para «ser pequeno quando for grande» como diz a canção de José Mário Branco.

 José do Carmo Francisco

(Fotografia de autor desconhecido)


domingo, 12 de dezembro de 2021

Brado e clamor nº 21 para Ana Isabel


Brado e clamor nº 21 para Ana Isabel

Gonçalo Pereira Rosa escreve na N.G.M. que «metade dos enterros realizados em 1839 na cidade de Londres era de pequenas criaturas com menos de dez anos» e dá razão a uma ideia antiga pois «nenhuma filosofia resgata as lágrimas de uma criança».

Claro que Charles Dickens escreveu (era quase inevitável) uma mistura notável de ficção e reportagem no seu «Conto de Natal» tal como cinco anos antes já o tinha feito no seu livro «Oliver Twist».     

O segredo está em saber que os companheiros de Charles Chaplin na carroça de saltimbancos em 1910 eram do mesmo bairro pobre no qual o pai de Charles Dickens foi frequentador da prisão de devedores em Londonbridge, junto ao  Tamisa.

José do Carmo Francisco