quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Novo poema nº 10 para Ana Isabel

 


Novo poema nº 10 para Ana Isabel

Em Janeiro de 1960 foi a fuga de Peniche; um GNR veio de bicicleta chamar o meu pai para conduzir a camioneta do Palácio da Justiça com um grupo de guardas prisionais, polícias e guardas republicanos.

Iam todos do Montijo para Pegões tentar deter no cruzamento os por eles chamados malandros que tinham fugido do Forte de Peniche pelo lado do oceano com os lençóis a servirem de cordas.  

Meu pai nunca acreditou que os presos de Peniche fossem aparecer em Pegões mas como ele disse baixinho «El-rei manda avançar, não manda chover.»

José do Carmo Francisco 

(Desenho de Cruzeiro Seixas)

    

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Novo poema nº 9 para Ana Isabel

 


Novo poema nº 9 para Ana Isabel

De Outubro de 1958 a Julho de 1961 percorri os quatro anos lectivos da Escola Primária em três anos civis. Entrei na Escola com sete anos mas nunca me sentei na fila dos burros nem dos assim-assim; sempre na dos bons.

Graças a uma carta do pároco da minha aldeia, o Ministro da Educação Nacional autorizou o exame da terceira classe em Abril e o da quarta em Julho de 1961.

Porque nunca é tarde para se fazer justiça que, sempre relativa, não deixa de ser justa mas da humilhação já ninguém me pode livrar.  

José do Carmo Francisco 

(Óleo de Karl Schmidt)