quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Veneza o Primeiro Poema - Entre a pedra e água


Veneza o Primeiro poema – Entre pedra e água

As ruas de Veneza são iguais às veias e artérias que percorrem os caminhos líquidos da alegria. O mesmo é dizer: não há ruas em Veneza, apenas travessas, becos e praças no intervalo das pedras e da água. 

As ruas de Veneza não existem como as outras ruas de outras cidades: com fumo e ruído e a ânsia metálica de chegar numa pressa para nada. A água dá aos grandes passeios o ritmo de uma vida que nasceu num líquido anterior, num sono descansado, na paz de não haver conflitos porque a placenta os dilui e aniquila. A pedra dá às viagens a força dum passado sempre a resistir à erosão da chuva, do vento e da morte.

Entre pedra e água, as ruas de Veneza não existem mas são verdade.

José do Carmo Francisco   

(Fotografia de Autor Desconhecido)

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