quarta-feira, 12 de junho de 2013

No cemitério da Vila


No cemitério da Vila

Por norma não há crianças nos funerais
Ali entre os cabouqueiros da saudade
As mulheres por natureza choram mais
Os homens fumam o cigarro só metade
Chega tarde o primo trabalha os olivais
Durante anos foi um homem da resina
Aos poucos apagam-se todos os sinais
No olhar de quem foi sempre menina
Nas irmãs para quem foi mãe pequena
Nas sobrinhas suas filhas na verdade
Na voz altiva porém sempre serena
Todo o amor era a maior prioridade
Mais alto, mais constante, mais forte
No seu olhar começava a luz do dia
Na manhã da vida dentro da morte
Descia da rampa o rumor da alegria


José do Carmo Francisco 

(Fotografia de Autor Desconhecido)

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