terça-feira, 30 de junho de 2020

Balada para Ana da Guia no Casal da Cabrita



Balada para Ana da Guia no Casal da Cabrita

Senhora Ana da Guia
Lá no Casal da Cabrita
Guarde-me este dia
Venho fazer-lhe visita.
Com o pai veio da Vieira
Vendia peixe nas terras
Mas a morte foi certeira
Vieram outras guerras.
Vou também na carroça
Vender o queijo e o pão
Em Tomar a terra é nossa
Só na Golegã é que não.
Na noite de sexta-feira
Da ceia até à madrugada
Não havia outra maneira
Estava atenta à fornada.
Dos onze filhos nascidos
Com seis sobreviventes
Cinco romances perdidos
Nas lágrimas diferentes.
Sua força de vontade
Para não desanimar
Deixa grande saudade
Mistura a terra e o mar. 

José do Carmo Francisco

(Óleo de Antal Neogrady)

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