domingo, 12 de agosto de 2018

Segunda balada para o Museu da Carrapateira



Segunda balada para o Museu da Carrapateira

No milho as sete meninas
Com o homem a fazer par
As águas frescas das minas
Matam a sede de cantar.
Na várzea desta ribeira
Tudo se dá tudo se cria
À noite junto à lareira
A ceia é sempre alegria.
Lugar feliz, verdadeiro
Do cansaço da colheita
Tulhas cheias no celeiro
Da sementeira perfeita.
Linha de separação
Entre a terra e o mar
E corta a respiração
A quem veio espeitar.
Ali qualquer distracção
Pode perder uma vida
Presa à corda com a mão
Pescaria apetecida.
Na mesa do restaurante
Em forma de um petisco
Num lugar longe distante
Ninguém lembra esse risco.

José do Carmo Francisco   

(fotografia de autor desconhecido)

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