segunda-feira, 4 de junho de 2018

Poema periférico para Raúl da Costa



Poema periférico para Raúl da Costa

É um piano e o som parte para o céu azul
Voa sobre o mar e sobre a linha da terra
Sobre o tempo e sobre o espaço deste dia.
Ao contrário do que dizem ter inspirado Liszt
O que vejo no Grande Auditório do C.C.B.
É o triunfo forte da vida no som do piano.
Há um lenço branco que recolhe o suor
De Raúl da Costa defrontando o piano
A regular o timbre e o volume pelos pedais.
A vida sobe deste teclado e destes martelos
E da caixa de harmonia deste piano de cauda
No efémero que apetece seja permanente.
Ao contrário do título geral dos Dias da Música
Este som procura tirar os pecados do mundo
Ao juntar de novo tudo o que a morte separou.
Saio apaziguado do Centro Cultural de Belém
Como Cesário Verde é preciso não morrer nunca
E eternamente buscar a perfeição das coisas.

José do Carmo Francisco  

(ilustração de Bosch)

1 comentário:

  1. O Abraço maior, meu poeta e querido amigo José do Carmo Francisco, para sempre!

    ResponderEliminar