sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Poema para os 70 anos de Toni


Poema para os 70 anos de Toni

(a António Simões / à memória de Homero Serpa)

A locomotiva de Mogofores chegou à tabela. Toni nasceu às dez e meia da manhã.

Luís Alberto Ferreira criou no «Mundo Desportivo» essa alcunha feliz para definir a fusão da força e da técnica. / Da sua janela de Santo Amaro de Oeiras vê os comboios da linha entre Cascais e o Cais do Sodré.

Vítor Manuel viu passar no Tramagal outro comboio com os operários das oficinas do Entroncamento. / Embora nascido nas Mouriscas, foi no Tramagal que uma carta escrita à mão o veio descobrir para em Coimbra ser um herdeiro de Toni na Académica.

Teerão, Lisboa, Coimbra e Anadia são lugares onde a locomotiva de Mogofores passou entre o fervor do relvado e a angústia do banco.

Um dia Décio de Freitas, Raúl Santos e Faro Cal explicaram como havia tantos árbitros na C.P. / Salvador Garcia vinha de Santarém mas outros vinham de Alferrarede, do Barreiro ou do Pinhal Novo. / Assim as ajudas de custo eram mesmo para embolsar.

Os meus netos mais velhos (Tomás e Lucas) chamam em Londres Toni ao meu neto mais novo. E o meu neto Pedro saberá um dia que as assinaturas de Toni e Humberto Coelho estão num livro onde o meu nome foi sonegado na bibliografia.

Uma cabina é também uma locomotiva porque o combustível que pode ser carvão, diesel ou electricidade ajuda a aquecer o coração de todos nós nas manhãs de chuva ou nas tardes de sol. / «Muda aos seis e acaba aos doze» – como na infância que é o tempo em que nem as lágrimas nem os beijos têm preço.

A locomotiva de Mogofores chegou à tabela. Toni nasceu às dez e meia da manhã.

José do Carmo Francisco

(Fotografia de autor desconhecido)

Sem comentários:

Enviar um comentário