segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Segunda balada da casa da costura


Segunda balada da casa da costura

Vinha a Dona Ludovina
Costurar era o seu fado
Se a hora era vespertina
O tempo era ilimitado.
Nessa casa da costura
Houve sempre surpresa
Se as linhas eram ternura
Um resultado em beleza.
Fosse botão ou baínha
Fosse baínha ou botão
Nenhuma ficava sozinha
No meio da solidão.
Os vidros desta janela
Rua que foi do Castelo
São a vida paralela
Da lã que está no novelo.
Velha casa de costurar
Camisas novas eu tinha
Se eram velhas ao par
Nascia uma novinha.
Só mudava o colarinho
Feito de punhos sem prata
No Verão que era certinho
A chegar sempre na data.
Minha memória perdida
Na casa onde a costura
Só ficou na minha vida
Porque a balada procura.     

José do Carmo Francisco

(ilustração de autor desconhecido)

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