Até Esse Momento
Lembrarás então o pai
aqui sentado
A máquina de escrever no
chão
Os discos na parede
entre a luz e o pó
Irão passar talvez
muitos anos
Farás promessas que não
vais cumprir
E dirás ruas para voltar
noutras horas
Será como quem percorre um
caminho
Iluminado pela luz do
teu olhar
À procura das palavras
subterrâneas
Lembrarás então o pai
aqui sentado
Um gelado presente do
indicativo
E silencioso que não
fala – não esquece
Passarás nas tuas mãos
um fio
Será talvez a memória
das noites
O tempo do leite e das
fraldas
Será como quem procura
descobrir
Nos desenhos (nos
cadernos escolares)
Uma outra maneira – a
tua outra voz
Lembrarás então o pai
aqui sentado
Não como pai mas como
anónima pessoa
Surpresa a esperar no
céu do outono
Terás nas tuas mãos um
retrato
O voo das aves por cima
da casa
Como inesperada vírgula
do tempo
Será como quem procura
fragmentos
Num momento ou talvez
num lugar
Na tua idade como um
portão aberto
José do Carmo Francisco
(óleo de Judy Drew)
Muito lindo o poema escrito por ti e muito linda tambem a fotografia/pintura que o acompanha. Gostei imenso de ver e ler. Beijinhos,um fantástico mês de dezembro para ti,fica com deus!!
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