Balada dos telhados de Lisboa
Telhados da minha cidade
Com as gaivotas a gritar
Avisos de tempestade
Lá para dentro do mar.
Que o mar à nossa frente
É mais a figura de estilo
Mar da palha e da gente
Só no Verão está
tranquilo.
Rompe defesas no Inverno
Traz a palha dos animais
Para o estuário moderno
Que vive de outros sinais.
Que vive de outras medidas
Sem fragatas nem faluas
As pontes de ferro
erguidas
Enchem de carros as ruas.
E digo adeus aos telhados
Da cidade debruçada
Sobre vapores lembrados
Numa memória de nada.
José do Carmo Francisco
(Fotografia de Luís Milheiro)
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