quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Balada da Fábula Urbis



Balada da Fábula Urbis

Na antiga marcenaria
Numa das sete colinas
Há um lugar de poesia
Numa casa sem esquinas

No gaveto de duas ruas
Sobreloja, boas vistas
Uma hora vale por duas
No roteiro dos turistas

Um piano e uma guitarra
Personagens num estrado
A música alcança a barra
Do Tejo que passa ao lado

Na passagem das figuras
As coisas mais importantes
São as rodas das viaturas
E os livros nestas estantes

Para quem já perdeu a fé
Ou apanhou grande susto
Senta-se e bebe um café
Ajuda o comércio justo

Nas janelas de Lisboa
Entre vozes de vizinhas
Na roupa a secar à toa
Há gatos e cuequinhas

Já passou um amarelo
A caminho dos Prazeres
Na direcção do Castelo
Ouvi risos de mulheres

Vozes puras, de cristal
Miradouro da alegria
São sonhos de Portugal
Na porta da Livraria        
    
José do Carmo Francisco 

(Fotografia de Luís Milheiro)

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