quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Novo poema nº 7 para Ana Isabel



Novo poema nº 7 para Ana Isabel

Algumas das portas dos prédios desta Rua ostentam flores pequenas em cima da madeira da porta como se ela fosse um lugar de oração e não um ponto de passagem.

Nesta liturgia urbana é como se houvesse uma missa campal: o sol, o altar, o calor, a palavra, as espécies do ofertório, as lágrimas da comunhão.

Porque em Janeiro morreu uma menina e por cada sonho adiado surge uma flor sobre a madeira da porta na teimosia ingénua mas profunda de juntar de novo tudo aquilo que a morte separou.

José do Carmo Francisco

(Óleo de Henri Matisse)


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