segunda-feira, 11 de julho de 2016

Sobre Menina e Moça de Lisa


Sobre Menina e Moça de Lisa

Quando Elza foi embora
De volta ao Algarve natal
Falámos mais de uma hora
Naquele átrio principal.
Como não tinha postais
Dos seus quadros antigos
Ofereceu quatro iguais
De pintores seus amigos.
Primitivos modernos
Faltava uma designação
Nos jornais e nos cadernos
NAIFS não estava à mão.
Desenho numa gaveta
Este quadro de Lisboa
Canteiros de uma praceta
Por cima a gaivota voa.
Entre pedras do Mosteiro
E as ameias do Castelo
Olhamos um cacilheiro
E um eléctrico amarelo.
Santa Engrácia, panteão
Autocarro para Belém
Cristo Rei em oração
Reza por nós também.
Que fazemos da cidade
Trajecto de teimosia
Nas praças a liberdade
Nas casas uma alegria.
E quando o dia se cala
Das cantigas e pregões
O artista fecha a mala
Amanhã há mais razões.

José do Carmo Francisco

(Fotografia de Roberto Slodmank)

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