segunda-feira, 14 de março de 2016

Balada para Nuno Costa Santos


Balada para Nuno Costa Santos

Na balada que componho
À esquina da minha idade
Tudo começa num sonho
Que de repente é verdade.
Que avança na vertigem
Do som que se junta a nós
Na voz da Terra a origem
Duma harmonia sem voz.
Que Rafael bem organiza
Nas notas que são caminho
Da melodia tão precisa
E ninguém fica sozinho.
Como se romeiro isolado
A rezar por toda a gente
Caminhasse ao nosso lado
Numa direcção em frente.
Há uma chuva paralela
No meu tempo da infância
Fechava a porta e a janela
A noite era essa distância.
E o vento trazia o mar
E o vinho era aquecido
Na lareira do meu lar
Junto ao avô perdido.
O açúcar mais barato
Era o doce sumo da uva
Que fica no meu retrato
Nas noites de frio e chuva.
Minha terra era o espaço
Sem estradas e isolado
Onde a voz marcava passo
E não ia a todo o lado.
No fim de tarde em Lisboa
Não me cansa a melodia
Rafael dá-me em pessoa
O que o «youtube» trazia
Na feliz banda sonora
Dum livro que é oração
A ligar a toda a hora
O tempo e o coração.

José do Carmo Francisco

(Fotografia de Luís Eme)

Sem comentários:

Enviar um comentário