domingo, 20 de julho de 2014

Canção da pequena camponesa


 
Canção da pequena camponesa
 
Ó pequena camponesa / Nos teus olhos de humidade
É que eu percebo a beleza / Que tu trazes à cidade.
Ó pequena camponesa / Desterrada do teu mundo
Na tua voz a certeza / Dum som perfeito e profundo.
Que essa voz traz ao espaço / Com tabaco e seu cheiro
Com a cana e o melaço / Onde o timbre é verdadeiro.
Onde os registos da voz / ascendem ao lugar cantado
Na rua de todos nós / O som chega a todo o lado.
Na rua da nossa cidade / Onde vens falar à janela
A tua voz é verdade / Na vida e não na novela.
Que a vida não é cinema / Nem a fala é literatura
Tudo entra num esquema / Só a tua voz perdura.
 
José do Carmo Francisco   

(gravura de Alberto de Sousa)

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