domingo, 11 de maio de 2014

Pranto e Lamentação para a Filipa em Maio


Pranto e Lamentação para Filipa em Maio

Eu oiço a voz calorosa do major Raúl Brandão
Na mesa mais distante do café da Faculdade
Sentada de costas vejo a princesa do mouchão
Que trouxe a luz do campo ao escuro da cidade.
Do que ficou das cheias formou-se um aluvião
Lodo, areia e matérias arrastadas nas correntes
A demora para processar esta nova situação
Leva milhares de anos vagarosos e pacientes.
Escreva sobre os Pobres lhe disseram numa casa
Num pátio de anarquistas numa noite de Lisboa
Filipa que estudava as palavras em fogo e brasa
Levou consigo a chave para decifrar uma pessoa.
Voltaremos todos nós a essa mesa mais distante
Do lado esquerdo da porta principal do edifício
Para saber o pormenor mais fino e importante
Da viagem iniciada ao esplendor do seu ofício.

José do Carmo Francisco    

(O óleo é de  Paco Ferrando)
     

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