Balada de Mateus Queimado em 1913
Meu tio, juiz de Direito
Comarca da ilha de Goa
Veio reformado a preceito
Era a bondade em pessoa
Da Índia eu nada sabia
Com tigres e palmares
Na Ilha era outra alegria
Touros em vários lugares
Na venda do Cambadinho
Cravo, pimenta e canela
Faço um recado sozinho
Espero o meu tio à janela
Entre lágrimas da mãe
Um suspiro mal abafado
Saímos mas não a bem
Despejados no mandado
Uma loiça de tons quentes
Foi sair duns caixotões
Eram colchas diferentes
Estampas, leques,
cadeirões
No Mandovi ele insistia
Nós só tínhamos ribeiras
Um caudal só de um dia
Com lamas amareleiras
Um telegrama cifrado
Meio da aula de francês
De Lausanne enviado
Levou meu tio de vez
Pediu-lhe ajuda a filha
Para a fúria da mulher
Ele disse adeus à Ilha
São Francisco Xavier
Conversa interrompida
Do meu tio aposentado
Assim Goa saiu da vida
Do moço Mateus
Queimado
(fotografia de Autor Desconhecido)
Sem comentários:
Enviar um comentário