Poema periférico para António Rego
Um
homem subia aos telhados para falar
Não
havia megafone, Internet ou telemóvel
Nem
é correcto chamar telhados aos terraços.
No fundo é tudo uma questão de contexto
Com quando se escreve que uma homem rico
Possui muitos rebanhos, criados e
mulheres.
A Bíblia é assim mas podia ser bem outra coisa
Um
livro aberto a tão dispersas interpretações
Sempre
novo e sempre antigo ao mesmo tempo.
O leitor de CDs do automóvel todas as
manhãs
Continua a tocar o Vinde Espírito Santo Criador
Na pressa da cidade onde a febre tudo
aquece.
Um
terraço não é um telhado, é só parecido
É
só quase a mesma coisa sem o ser de facto
Saiu
dos telhados e está hoje mais nos livros.
Porque oração e poema são coisas iguais
Maneiras de juntar de novo nas palavras
Tudo aquilo que a morte devagar separou.
José do Carmo Francisco
(Foto de autor desconhecido)
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