Há sempre tempo para uma sombra em Veneza.
Hoje, como nos tempos em que havia touradas e as tabernas
improvisadas se colocavam à sombra das igrejas com os barris de vinho cobertos
por grandes panos molhados. O vinho sela os encontros, multiplica a alegria do
quotidiano suspenso por um intervalo magnético de festa. Surgem assim novas
pontes, não de pedra mas de humana ligação, entre vozes e mãos, olhos e
palavras. Tudo se liga no diálogo molhado pelo vinho e pela sombra.
Levo de Veneza uma ideia forte de encontros e de procura
imediata de uma sombra. Onde a alegria acaba por se instalar no devagar nos
minutos prolongados. Há sempre tempo para uma sombra em Veneza.
José do Carmo
Francisco
(Fotografia de autor desconhecido)