As Emboscadas do Esquecimento
domingo, 22 de dezembro de 2024
Musa em café de subúrbio
quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
Mulher em azul e branco
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
Musa em azul celeste
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
Musa em almoço com Helena e Zé Lopes
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Musa à porta da Escola
domingo, 10 de novembro de 2024
Musa a ouvir Verdes Anos
domingo, 6 de outubro de 2024
Novo poema nº 50 para Ana Isabel
Novo poema nº 50 para Ana Isabel
As três
mesas juntas formam um rectângulo mas eles viram as costas ao tapete verde do
jogo da Supertaça que a TV transmite em directo de Aveiro.
O
vocabulário limitado, escasso e pobre é um evidente sinal de inferioridade tal
como o uso da palavra mano para com
alguém que não é irmão, tudo isto revela o básico universo de palavras do rapaz
alcoolizado.
Porque entre
as garrafas de cerveja a povoar as mesas juntas e a frase «Eu estou aqui», a
única Supertaça em disputa é a do vazio, do temor e da morte.
José do
Carmo Francisco
(Fotografia de autor desconhecido)
segunda-feira, 9 de setembro de 2024
Novo poema nº 49 para Ana Isabel
Novo poema nº 49 para Ana
Isabel
Quando Elek Schwartz
(1908-2000) afirmou no seu puro francês «Mais ce sont des profissionels»
refutava as cartas de um africanista que em 1965, depois de quatro empates, o
acusava de não conhecer a mística do SLB.
Receber ordenado certo ao fim
do mês sejam quais forem os resultados desportivos é o contrário dessa mística
pois tem a ver com relações laborais, apenas e só.
Porque o fiasco da Operação
Coração lembra o jornalista para quem o cheque do negócio Poborsky tinha vencimento;
é o delírio e a alucinação e nada tem a ver com mística.
José do Carmo Francisco
(Fotografia de Luís Eme)
domingo, 28 de julho de 2024
Novo poema nº 48 para Ana Isabel
Novo poema nº 48 para Ana Isabel
Soube de
modo inesperado da morte de Pedro Tamen (1934-2021) a meio de uma tarde de
praia, algures na Costa Vicentina mas não será hoje este o caso.
Pedro Tamen
como Armando Silva Carvalho ou Fernando J.B. Martinho estão sempre comigo e não
podem morrer; em certo sentido é apenas o registo civil que funciona nestas
situações.
Porque a
Poesia não pára, escreve-se uma canção, um poema ou então mente-se logo - se
por mentir puder ser entendido o acto
de fingir que a vida é tão importante como o poema procura dar a entender.
José do Carmo Francisco
sexta-feira, 28 de junho de 2024
Segundo poema para Manuel Fernandes (1986)
Segundo poema para Manuel Fernandes (1986)
Não lhe podem já tirar tudo
mas escondem-lhe o nome, os golos,
as vozes de quem, nas humildes casas
lhe grita o nome à volta do som dum rádio
nas tardes interrompidas dum quotidiano igual.
Não são homens – são sombras, escondem o rosto,
furtivos, fechados nos gabinetes, nos automóveis,
roubam os sonhos, decretam a morte civil
dum jogador assim perseguido sem porquê.
Não lhe podem já tirar tudo
ao menos ficam os troféus oficiais, as recordações,
as homenagens mais particulares
as fotografias dos jornais e os abraços
dos companheiros a correr do outro lado do campo.
Não são homens – são sinais dum castigo
que se perde no fundo do tempo, longe,
lá onde começou a primeira de todas as guerras
lá onde tábuas de morte se pregaram num coração.
José do Carmo Francisco
(Fotografia de autor desconhecido)