Poema periférico para António
Bárcia
Já não se morre como no
passado
Hoje todo o morto tem um
funeral
Com urna e fato pago pela
Santa Casa.
Muitas vezes vai apenas um funcionário
No acompanhamento trinta dias depois
Do corpo chegar à Morgue de Santa Maria.
Porque a lei mudou a vala
comum acabou
Mas seu nome ficou nas fichas
dos livros
E no coração de quem não o vai
esquecer.
Morrer não é apenas deixar de ser visto
Nem as estradas têm curvas como antes
Morrer é sempre um mistério, outra coisa.
Talvez calhe e seja o Pedro a
acompanhar
A sua urna se ninguém se
chegar à frente
Para tratar de todas essas
formalidades.
Tenho um livro onde as suas palavras
Aparecem num tão discreto anonimato
Mas a posteridade essa vai continuar.
José do Carmo Francisco
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