Poema periférico para a Farmácia
Não é comum este nosso lugar-comum
De espaço no balcão ponto de encontro
Onde se recebe apenas só o que se dá.
Às vezes entram
cheiros de roupa lavada
De pedras, sabão e
vozes de mulheres
Na ribeira que um
dia por aqui passou.
Sabemos o princípio activo das lágrimas
E o excipiente da moderna amargura
Temos literatura explicativa das dores.
Só vendemos tudo
com receita médica
E mantemos fora do
alcance das crianças
No comércio onde há
algo mais que troca.
A transacção foi concluída com angústia
Fica um espaço de tristeza no balcão
Entre o «adeus» e o final «bem-haja!».
José do Carmo Francisco
(Fotografia de Autor Desconhecido)
Gostei do poema, Zé do Carmo.
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