A varanda das meninas
No beijo que me deste em despedida
Ficou parte do teu tempo concentrado
Uma parte da tua alma e da tua vida
Trouxe ao presente a luz do passado
Quando havia uma varanda de meninas
A olhar para os mascarados no passeio
Depois a atirar centenas de serpentinas
Que ligavam a casa às arvores do meio
Esse mesmo meio onde já só há asfalto
E os fumos dum trânsito feio e doentio
Onde uma sirene me põe em sobressalto
E onde chega o nevoeiro que vem do rio
Este encontro foi breve porque a rotina
Te chamava para as tarefas do dia-a-dia
Foi no beijo que voltaste a ser menina
E a Morais Soares foi a Rua da Alegria
José do Carmo
Francisco
(Óleo é de Marta Shmatava)