Quase fado para Rodrigo
O Cais do Sodré também
Tem um relógio diferente
Onde as horas de ninguém
São tempo de toda a gente
Onde cheques que trazia
Do Banco de Portugal
Vinham antes do meio-dia
Pagar fretes de sisal
Onde eu comprei gravatas
A um chinês tão parado
Que a palavra baratas
É um som mal soletrado
Onde facturas consulares
Mais os selos das Finanças
Ocupam os seus lugares
No balcão das lembranças
Onde as vozes das varinas
Tinham o som da guitarra
Ao lado vinham ardinas
E os Pilotos da Barra
Onde escritórios, balcões
Agentes de navegação
São hoje recordações
No poema que é canção
José do Carmo
Francisco
(fotografia de autor desconhecido)