Balada para uma
foto de 1973
Na Alta Estremadura / Entre os livros e os jornais
Estou na casa da costura / Na colecção dos dedais.
Entre a neblina do rio / E a curva dum cemitério
Cada passo um desafio / Cada olhar um mistério.
E na Praia da Vieira / Fica um pé feito de espuma
Que na hora derradeira / Há-de ser coisa nenhuma.
Na Rua dos Sapateiros / No rosto há duas maçãs
Nesses dias pioneiros / Todo o tempo é de manhãs.
No Rio Liz com moínhos / Fragatas no Rio Tejo
Não há momentos sozinhos / No desenho do desejo.
Há um tempo inalterado / No retrato deste dia
Procurava em todo o lado / Para encontrar alegria.
A luz não se apaga mais / Num tempo que não termina
Vai desenhando os sinais / No olhar da mulher-menina.
José do Carmo Francisco
(fotografia de autor desconhecido)
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