Balada de quarta-feira para Fausto e Amigos
«Madrugada dos trapeiros»
Levanta a voz na cabina
Até aos sons derradeiros
Estão onde não se imagina.
Nas paredes de
cortiça
Com microfone
fechado
Vive a relativa
justiça
Que chega a todo o
lado.
Num esplendor vegetal
Uma mesa de amizade
Encontros sem ritual
No bulício da cidade.
«Dormi no
submarino»
Sem sair desta mesa
Um conviva
clandestino
Antes da flor
japonesa.
Que se sentou lateral
Numa mesa incompleta
Lá for era um vendaval
Cá dentro ordem secreta.
E nas histórias
cruzadas
Que cada um
produzia
Era no meio das
garfadas
E de novo uma
alegria.
Recordamos morte e vida
De quem nos foi anterior
Somos uma ponte erguida
Entre as margens do amor.
Assim como uma
poesia
A rádio é como a oração
Que junta de novo
um dia
O que foi
separação.
Na despedida a promessa
De voltar numa semana
Agenda do não se esqueça
Mesa sagrada e profana.
José do Carmo Francisco
(Fotografia de autor desconhecido)
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