quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Balada de quarta-feira para Fausto e Amigos


Balada de quarta-feira para Fausto e Amigos

«Madrugada dos trapeiros»
Levanta a voz na cabina
Até aos sons derradeiros
Estão onde não se imagina.
Nas paredes de cortiça
Com microfone fechado
Vive a relativa justiça
Que chega a todo o lado.
Num esplendor vegetal
Uma mesa de amizade
Encontros sem ritual
No bulício da cidade.
«Dormi no submarino» 
Sem sair desta mesa
Um conviva clandestino
Antes da flor japonesa.
Que se sentou lateral
Numa mesa incompleta
Lá for era um vendaval
Cá dentro ordem secreta.
E nas histórias cruzadas
Que cada um produzia
Era no meio das garfadas
E de novo uma alegria.
Recordamos morte e vida
De quem nos foi anterior
Somos uma ponte erguida
Entre as margens do amor.
Assim como uma poesia
A rádio é como a oração
Que junta de novo um dia
O que foi separação.
Na despedida a promessa
De voltar numa semana
Agenda do não se esqueça
Mesa sagrada e profana.

José do Carmo Francisco   
    
(Fotografia de autor desconhecido)

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