Poema para os 70 anos de Toni
(a António Simões / à memória de Homero
Serpa)
A
locomotiva de Mogofores chegou à tabela. Toni nasceu às dez e meia da manhã.
Luís
Alberto Ferreira criou no «Mundo Desportivo» essa alcunha feliz para definir a
fusão da força e da técnica. / Da sua janela de Santo Amaro de Oeiras vê os
comboios da linha entre Cascais e o Cais do Sodré.
Vítor
Manuel viu passar no Tramagal outro comboio com os operários das oficinas do
Entroncamento. / Embora nascido nas Mouriscas, foi no Tramagal que uma carta
escrita à mão o veio descobrir para em Coimbra ser um herdeiro de Toni na
Académica.
Teerão,
Lisboa, Coimbra e Anadia são lugares onde a locomotiva de Mogofores passou
entre o fervor do relvado e a angústia do banco.
Um
dia Décio de Freitas, Raúl Santos e Faro Cal explicaram como havia tantos
árbitros na C.P. / Salvador Garcia vinha de Santarém mas outros vinham de
Alferrarede, do Barreiro ou do Pinhal Novo. / Assim as ajudas de custo eram
mesmo para embolsar.
Os
meus netos mais velhos (Tomás e Lucas) chamam em Londres Toni ao meu neto mais
novo. E o meu neto Pedro saberá um dia que as assinaturas de Toni e Humberto
Coelho estão num livro onde o meu nome foi sonegado na bibliografia.
Uma cabina é também uma locomotiva porque o
combustível que pode ser carvão, diesel ou electricidade ajuda a aquecer o
coração de todos nós nas manhãs de chuva ou nas tardes de sol. / «Muda aos seis
e acaba aos doze» – como na infância que é o tempo em que nem as lágrimas nem
os beijos têm preço.
A
locomotiva de Mogofores chegou à tabela. Toni nasceu às dez e meia da manhã.
José
do Carmo Francisco
(Fotografia
de autor desconhecido)
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