Bilhete de Identidade
Descubro aquilo que sou
Num caminho onde meu avô
Conduzia um carro de bois
Parava sempre que me via
Semeava raízes de alegria
É isso que nos une aos
dois.
Ele utilizava o aguilhão
Quando precisava dum travão
Para o seu carro tão antigo
Hoje eu utilizo um pedal
No fundo a ideia é igual
Parar quando vejo um amigo.
Aquilo que a minha avó
fazia
Dar o «pão por Deus» com
alegria
A todas as crianças do
povoado
Faz hoje minha mulher se
oferece
Brinquedos a quem os não
merece
E não sabe pronunciar um
obrigado.
Aqui dei os primeiros passos
Embora conheça outros espaços
E já tenha viajado pelo Mundo
Mas é a força destas raízes
Que nos ajuda a ser felizes
No meio do silêncio profundo.
O meu avô o meu pai e o
meu tio
Fixaram entre a estrada e
o rio
Um espaço para eu ser e
afirmar
Toda a força da voz e do
caminho
Que mesmo feito
devagarinho
Tem a razão de ser neste
lugar.
É a força das raízes consolidadas
Na terra das esperanças proclamadas
Em nome de uma amanhã mais seguro
Não se trata de um segredo guardado
Mas a verdade é que está no passado
Toda a razão de ser do meu futuro.
José do Carmo Francisco
(Fotografia de Valter
Vinagre)
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