Poema periférico
do meu operador
Um vago primo que nasceu em Salvaterra
Brilhou na baliza nos Jogos de Amsterdão
Sereno com seu coração em pé de guerra
Ele voava no ar com a leveza de um balão.
Chegava sempre aos
dois cantos da baliza
Quando olhava para
o campo tudo media
Com os seus olhos
na medida mais precisa
Separando devagar a
amargura e a alegria.
Todas as derrotas e as vitórias acumuladas
São quase calendário privativo do jogador
Que joga parte da sua vida nas bancadas
Na multidão que o aplaude num clamor.
As mãos desse vago
primo tinham magia
Que foi depois herdada
pelo meu operador
Mãos tão precisas num
ritual de cirurgia
Que assim vai separando
a morte do amor.
José do Carmo
Francisco
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