Balada da
sardinheira da Abadia
Manuel Ribeiro de Pavia
Do Alentejo profundo
Faz da Vieira de Leiria
O desenho do seu mundo.
Almocreves nas
galeras
Com a pressa de
chegar
Sem paragens ou
esperas
Voltam as costas ao
mar.
A mais bela sardinheira
Canastra não cabe mais
Saiu da Praia da Vieira
Para os distantes casais.
Há quem não tenha
dinheiro
Paga-se em quartas
de milho
Este dia vive-se
inteiro
E assim se cria um
filho.
Casas de roupa estendida
Seja dúzia ou quarteirão
A sardinha traz nova vida
A quem a come no pão.
Mesmo no rol dos
fiados
Tem cada dia a
surpresa
Sabe escolher dos
dois lados
Toucinho ou peixe
na mesa.
Fritas, cozidas ou assadas
As sardinhas estão no pão
Com sopa de misturadas
A mais feliz refeição.
Esta bela sardinheira
Da Vieira de Leiria
Caminha a manhã
inteira
Para chegar à
Abadia.
Com rodilha feita em casa
Ou comprada numa feira
O calor do sol em brasa
Não detém a sardinheira.
Sardinheira do meu
sonho
Está no Liceu de
Leiria
Na balada que
proponho
Só sobeja a
melodia.
José do Carmo Francisco
(Ilustração de Manuel Ribeiro de Pavia)
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