Salinas
O sal da minha terra era daqui que vinha
Trazido em vagarosos carros de madeira
O abegão guiava os bois pela manhãzinha
E o destino do sal era a nossa salgadeira
O sabor dessa carne ficava ao nosso gosto
O lume fazia de cada refeição uma festa
Pelo tempo fora desde manhã ao sol-posto
A terra esperava tão incauta e tão honesta
Por quem lhe trazia o adubo feito de suor
A querer multiplicar a grande sementeira
No perfume da ternura, na força do amor
Duma vida mais dura mas mais verdadeira
O sal da minha terra era daqui que vinha
Dois quilómetros-hora, baixa velocidade
Anos depois esta memória está sozinha
O lugar da salgadeira é hoje uma saudade
José do Carmo Francisco
(Fotografia de Artur Pastor)
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