Chamar-lhe pura é pecar mas por defeito
A tua voz é (ela mesma) a nossa origem
Há um país, uma nação dentro do peito
Estar a ouvir é estar à beira da vertigem
Há uma luz que se prolonga na extensão
Há uma viagem a fazer dentro da voz
Ouvir-te é ser o destino de uma oração
A ligar de novo quem se julgava a sós
Chamar-lhe pura é pecar mas por defeito
A tua voz é a que sabe juntar água e terra
Cantas e és o rio que fugiu já do seu leito
À procura de novos campos para a guerra
Quando tu cantas não há águas paradas
Na terra fértil da humidade, teu terreno
E há uma guerra, batalhas, emboscadas
Lá onde chega a tua voz e o teu veneno
José do Carmo Francisco
(Fotografia de autor desconhecido)
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