quarta-feira, 4 de março de 2020

Associação de Malfeitores



Associação de Malfeitores

Eu vi a morte do Jardim do Príncipe Real
Em vez da marcha fúnebre um saxofone
Ladrava ao céu como cão a chorar o dono.
Um turista reclamou ver o fim do jardim
Logo vereador alucinado decretou plano
Para acabar mesmo com o dito cujo jardim.
Foram sessenta e quatro árvores mortas
Alguns ainda diziam que estão doentes
Mas doentes são eles todos em delírio.
Desta associação já tenho eu uma conta:
Editaram livro meu com um veleiro na capa
Não eléctrico, autocarro, elevador, cacilheiro.
No Verão uma responsável veio proibir
Uma caixa de gelados nesta esplanada
Por razões estéticas. E eu espero o pior. 
 
José do Carmo Francisco

(Fotografia de Luís Eme)

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