Monte
Estoril
(a Francisco José Viegas)
A
Literatura não tem, como a Ciência, a possibilidade de recorrer ao Carbono para
uma correcta ou aproximada datação seja de um facto ou seja de um documento.
Esta foto será talvez dos anos quarenta do século XX quando o escritor Ian Lancaster
Fleming transformou o espião verdadeiro «Popov» no ficcionado «agente 007» e o
Casino Estoril da realidade no Casino Royale do romance. A ficção tem destas
coisas: o jugoslavo deu lugar ao britânico, o espião a trabalhar por conta
própria foi substituído por um homem integrado numa organização do Governo.
Depois é a praia com apenas quatro toldos de aluguer. E as linhas do comboio
sem locomotivas nem carruagens. Ao longe temos Cascais: o fim da linha férrea e
o limite da Costa do Sol. Todos nós, mesmo os que não nascemos no Pocinho na
Estação de Caminho de Ferro, gostamos de comboios talvez por eles serem a
metáfora perfeita da vida como viagem na qual a partida tem tempo certo mas a
chegada não tem hora prevista. Estamos preparados para tudo menos para essa
inevitável estação final.
José do Carmo Francisco
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