As bicicletas de 1959
(poema para os oito anos do meu neto Pedro)
Quando eu tinha
oito anos
Ia sempre a pé para
a Escola
Porque era assim o
tempo
E eram outras as
palavras.
Festejei a idade no Montijo
Nessa Rua Sacadura Cabral
Com marmelada e azeitonas
Tio Cristiano, homem do pão.
À porta da
Pastelaria Mimosa
Uma senhora
importante
Disse para o teu
bisavô atónito:
«Filho de motorista
não vai para Liceu».
Era assim naquele tempo escuro
Quando o nosso Quim Zé marcou
Um grande golo pelo Sporting
No minuto 87 ao Barreirense.
Em 1989 teu pai fez
oito anos
Estava eu a
publicar um livro
Desporto na Poesia Portuguesa
Poemas que vão
subir ao palco.
A única coisa que permanece
Do tempo dos meus oito anos
É a recomendação ao aluno:
«Não tragas bengalas e bicicletas»
José do Carmo Francisco
(Fotografia da colecção particular de JCF)
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