Balada para meu neto Pedro (2019)
Nos parabéns do postal
Todo feito artesanato
Sem pai ou mãe no aval
Há um directo contrato.
Um balão verde no ar
Rumo a um céu presente
Olha para mim a cantar
Cantigas de toda a gente.
Na boleia desta leitura
Dum livro sobre a Cidade
Lisboa é uma figura
Entre o sonho e a verdade.
No tempo do calendário
Meu neto Pedro sorria
A descer a Voz do Operário
Na escada do fim do dia.
São sessenta e oito ou sete
Os números de cada idade
O futuro tudo promete
No meio da Liberdade.
Seis e oito são a soma
Do dobro do teu registo
Se tem boca vai a Roma
Por isso nunca desisto.
Da ternura em sementeira
Do amor enquanto lema
Uma vida assim verdadeira
Não cabe dentro do esquema.
José do Carmo Francisco
(Fotografia da colecção particular de JCF)
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