Balada da mesa de sete na casa
do Monte
A Cultura e a Natureza
Na mesa de sete talheres
No cozido à portuguesa
Predominam as mulheres.
Os homens são apenas três
Dois Zés e Fernando é guia
As mulheres por sua vez
São quatro são a maioria.
Duas Marias uma Manuela
Uma Ana que olha o Sul
Pelos vidros da janela
Da casa de barra azul.
Um vinho branco divino
Na amizade em liturgia
São as linhas do destino
Que se cruzam neste dia.
Há o comboio derradeiro
Na direcção de Lisboa
Só está neste apeadeiro
A sombra duma pessoa.
Fui eu e fiquei à espera
Guia de marcha perdida
Setenta e dois já não era
Solução da minha vida.
Na Rua dos Mercadores
Entre Muralhas e Praça
Orgulho dos moradores
Bairristas de certa raça.
Que é assim esta vaidade
Que não discute ou hesita
Ser do centro da Cidade
Nossa coisa mais bonita.
A Natureza e a Cultura
No dia que não esquece
Aquilo que se procura
É juntar como uma prece
O azul do céu sem limite
O som da Terra a cantar
O poema já não permite
Como um rio vai pró mar.
José do Carmo Francisco
(Fotografia de Álvaro Carvalheiro)
Sem comentários:
Enviar um comentário