Poema periférico para
Mário Jorge
Eu ainda comi os quadrados
de marmelada
Eram dados ao intervalo
pelo roupeiro Víctor
Filho do guarda-redes mais
sério de Portugal.
Eu ainda fui a Bolonha como enviado especial
E vi como o árbitro careca deu a volta aos belgas
Para evitar cartões amarelos aos donos da casa.
Eu vi a melhor equipa de
Iniciados de sempre
Vencer todos os jogos e
marcar duzentos golos
Para as toupeiras não os
deixaram ser campeões.
Eu percebi cedo que o resgate dum jogo mau
É sempre o próximo jogo que queremos ganhar
E por isso só falamos dele em toda a semana.
Eu também estava lá quando
num Carnaval
Ninguém descobriu o
misterioso mascarado
Que nasceu no circo tal e
qual como o primo.
Hoje sei que tudo se perde no meio do pó
Porque a posteridade é mais que relativa
Com factores que não se podem controlar.
José do Carmo Francisco
(fotografia de autor
desconhecido)
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