quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Poema periférico para Eduardo Guerra Carneiro


Poema periférico para Eduardo Guerra Carneiro

A velha fotografia em Mafra junta quatro talentos
Eduardo Guerra Carneiro, Nuno Guimarães, José Cid
E Adriano Correia de Oliveira, os músicos e os poetas.
Hoje apenas José Cid canta na quinta em Mogofores
Em nome da memória dessas quatro vozes antigas
No distante ano de mil novecentos e sessenta e dois.
Em Mafra se ensinava e se aprendia a matar negros
Em emboscadas, golpes de mão, assaltos de surpresa
Num Mundo apenas dividido em nossas tropas e inimigo.
Era José Cid que sempre levava ao ombro duas G três
A arma dele e a do Adriano, quase sempre cansado
A meio das marchas do pelotão na Tapada de Mafra.
As clarabóias das casas acendem mais cedo deste lado
Porque aqui o Sol chega primeiro na manhã de Lisboa
No Pai do Vento onde há hoje uma memória de moínhos.
Em Vila Real no Liceu chamavam «galego» ao Eduardo
Mas ele não se importava ele queria ser um emigrante
O Circo Mariano, os ciganos, os galegos, os nómadas.

José do Carmo Francisco
         

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