Poema
periférico para Eduardo Guerra Carneiro
A
velha fotografia em Mafra junta quatro talentos
Eduardo
Guerra Carneiro, Nuno Guimarães, José Cid
E
Adriano Correia de Oliveira, os músicos e os poetas.
Hoje apenas José Cid canta na quinta em
Mogofores
Em nome da memória dessas quatro vozes
antigas
No distante ano de mil novecentos e
sessenta e dois.
Em
Mafra se ensinava e se aprendia a matar negros
Em
emboscadas, golpes de mão, assaltos de surpresa
Num
Mundo apenas dividido em nossas tropas e inimigo.
Era José Cid que sempre levava ao ombro
duas G três
A arma dele e a do Adriano, quase sempre
cansado
A meio das marchas do pelotão na Tapada
de Mafra.
As
clarabóias das casas acendem mais cedo deste lado
Porque
aqui o Sol chega primeiro na manhã de Lisboa
No
Pai do Vento onde há hoje uma memória de moínhos.
Em Vila Real no Liceu chamavam «galego»
ao Eduardo
Mas ele não se importava ele queria ser
um emigrante
O Circo Mariano, os ciganos, os galegos,
os nómadas.
José
do Carmo Francisco
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