Poema para Os corvos de
Francisco José Viegas
Meu neto Tomás nega-me (Stop!) de modo firme
A possibilidade de brincar
com os corvos do Paragon
Tal como antes fizera
junto à casa de Charles Gounod
Os dois a caminho do
grande planalto de Blackheath.
Não admira que ele não conheça o poema «Os corvos»
Tirado de um livro de 2001 intitulado «Metade da vida»
Que o próprio autor definiu como um luxo e uma vaidade
Quando meu neto Tomás nem sequer ainda tinha nascido.
De certeza Tomás não
conhece o meu poema já antigo
Chama-se esse poema «O
corvo de Papillons Walk»
Sobre o corvo que comia
migalhas de pão dos meninos
De manhã a caminho da
Escola Primária de Brooklands .
Somos corvos, nada mais do que corvos ansiosos
Por uma migalha de pão, de ternura ou de atenção
Nós que sabemos serem as palavras tão frágeis
Como as pétalas mais pisadas depois de um baile.
Mas isso era ir longe,
para o lado de Maiakovski
E eu celebro o encontro
com um poema curto
«Sobre o verde, um
silêncio devastador.
Ouve-se em toda a ilha o seu aviso.»
José do Carmo
Francisco
(fotografia de autor desconhecido)
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