segunda-feira, 3 de abril de 2017

Espuma


Espuma

Os cabelos são o que resta doutra espuma
Das ondas tão pontuais na sua rebentação
De sete em sete nasce uma que é nenhuma
E ninguém conta quando à noite é escuridão.
E o mar deixa de ser mar para ser apenas água
Porque o Sol que vai ao outo lado da Terra
Não define a pronta solução da nossa mágoa
Nem aquece o coração já em pé de guerra.
Os cabelos neste quadro são a moldura
Definida num ângulo novo de esquadria
Mas buscam por todo o lado à procura
E é no rosto que está a fonte da alegria.
Porque é no rosto que o som tem a origem
No olhar está a luz de todo o campo visual
Entre a espuma e o olhar uma vertigem
De sentir esta luz e esta sombra por igual.

José do Carmo Francisco   

(Óleo de Carl Lohse)

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