Balada para Luciana
Luciana num balcão
Debruçada no sorriso
Empresta calor da mão
Quando café é preciso
No combate à tristeza
Derramada pela rua
No centro duma mesa
Seu sorriso continua
Não havia o adoçante
Adoça com seu olhar
Simpatia no instante
Faz do balcão o altar
Onde a nova liturgia
Como se numa oração
Celebrando a alegria
Do encontro no balcão
À esquerda é o Chiado
E o Castelo é à
direita
O sol bate no telhado
A tarde ficou
perfeita
Quando olha para o
Rio
Não repara na
distância
No nevoeiro mais frio
Recorda a sua
infância
Em baixo as duas
linhas
Além é a Sé de Lisboa
Não há mesas sozinhas
Quando o café se
povoa
De gente que não
repara
Na pressa, no seu
bulício
Luciana então já
separa
As tarefas do seu
ofício
Tomou o sabor
profundo
Do café que nos
vendia
Trazendo do seu Mundo
Um grão de pura
alegria
José do Carmo Francisco
(O óleo é de Krzysztof Rzezniczek)
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