Ai que prazer estar pedido / Na Serra de São Mamede
Onde há sempre uma ribeira / Que só de olhar mata a sede
Onde há sempre um caminho / À espera de ser andado
E onde o branco das casas / Faz contraste no telhado
Ai que prazer estar perdido / Na Serra de São Mamede
Onde o relógio não corre / E pára se a gente pede
Onde o tempo dura mais / E o olhar tem amplitude
Onde o andar não desgasta
/ E o cansaço é mais saúde.
Ai que prazer estar perdido / Na Serra de São Mamede
Onde se pescam os sonhos / Sem ser preciso usar rede
Onde o sol mais se demora / Onde a luz chega mais cedo
Mas o peso do silêncio / Não se transforma em medo
Ai que prazer estar perdido / Entre Esperança e Nave Fria
Surgirá sempre um olhar / Capaz de dar luz de dia
A quem se perdeu na noite / Que envolveu seu coração
Mas se encontrou de novo / A caminho de São Julião.
Ai que prazer estar perdido / Entre Caia e os Mosteiros
Porque os fumos das chaminés / São os sinais mais
certeiros
Duma vida mais junto à terra/ Mancha verde a multiplicar
Entre o apelo do Mundo / E o meu desejo de ficar
Ai que prazer estar perdido / Entre os Besteiros e a
Parra
Para encontrar uma capela / Com o som de uma guitarra
Ai Serra de São Mamede / Grande desgosto que eu tenho
Não ser eu das tuas aldeias / Não ser também eu serrenho.
José do Carmo Francisco
(in Suplemento Fanal nº 16 de O distrito de Portalegre)
(fotografia de autor desconhecido)
Sem comentários:
Enviar um comentário