terça-feira, 4 de dezembro de 2012

As mãos do meu avô José Almeida



As mãos de meu avô José Almeida

Caiu o telhado. Não sei se imaginas
Como tudo agora é sombrio e triste
A casa onde vivemos está em ruínas
O quarto onde se nascia já não existe

As pedras e os barrotes são só entulho
Ficou tudo acumulado no rés-do-chão
Há um silêncio onde antes era barulho
Que era um sinal de vida em profusão

Fosse na casa, no quintal, no palheiro
Onde também se fazia o nosso lagar
As tuas mãos à luz do velho candeeiro
Trabalhavam na noite fora sem parar

E aos domingos a trompete tão diferente
Faiscava entre a luz do sol na procissão
As tuas mãos, o chumbo e a água quente
Faziam na trompete um som de perfeição

José do Carmo Francisco  

(Foto de Luís Milheiro)     

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