Rosa e Poseidon
(poema autógrafo
para António Manuel Venda)
São só as duas «caixas altas» do livro
São a flor e o navio, são a terra e o mar
Das palavras e das viagens no oceano.
Terá sido o poeta Maiakowsky
a lembrar
Serem todas as
palavras mais frágeis
Do que flores
pisadas depois do baile.
O vento que aqui espalha essas pétalas
É o mesmo a empurrar todos os veleiros
Na vaga liturgia dos poemas esquecidos.
Tudo o resto neste
livro é «caixa baixa»
Nome de cidade e de
província na Europa
Nome de automóvel
de luxo nas estradas.
E sempre uma fotografia a preto e branco
Porque a cores são as do casamento actual
Já instalado no novo regime de «leasing».
É tudo a prazo, a
festa, a quinta, as férias
E chamam crédito ao
vulgar empréstimo
A fingir não saber
que tudo tem um preço.
José do Carmo
Francisco
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