quarta-feira, 8 de maio de 2019

Balada dos brinquedos da infância (para o Pedro)



Balada dos brinquedos da infância (para o Pedro)

O pedreiro cheira a cal
O carpinteiro a madeira
No ofício de cada qual
Passou uma lavadeira.
A roupa num alguidar
Na cabeça uma rodilha
Não se cansa de cantar
A tarde é uma maravilha.
Passado que se desenha
Lugar de pedra e sabão
A água vem da azenha
Já moeu todo o seu grão.
O brinquedo improvisado
O carro é uma lata lavada
As pinhas estão lado a lado
Como uma junta na estrada.
Para que a carga seja mais
Há uma pedra pequena
E imagino uns animais
Na nossa tarde serena.
Às vezes oiço um sinal
Comboio em S. Martinho
É o vento em vendaval
Traz a chuva de caminho.
Tenho toda a infância
Nas linhas duma balada
Mesmo a grande distância
Aqui ninguém deu por nada.

José do Carmo Francisco

(Óleo de André Henri Dargelas)

Poema autógrafo para Adelino Gomes em 24-4-2019  

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