Balada dos brinquedos da infância (para o Pedro)
O pedreiro cheira a cal
O carpinteiro a madeira
No ofício de cada qual
Passou uma lavadeira.
A roupa num
alguidar
Na cabeça uma
rodilha
Não se cansa de
cantar
A tarde é uma
maravilha.
Passado que se desenha
Lugar de pedra e sabão
A água vem da azenha
Já moeu todo o seu grão.
O brinquedo
improvisado
O carro é uma lata
lavada
As pinhas estão
lado a lado
Como uma junta na
estrada.
Para que a carga seja mais
Há uma pedra pequena
E imagino uns animais
Na nossa tarde serena.
Às vezes oiço um
sinal
Comboio em S.
Martinho
É o vento em
vendaval
Traz a chuva de
caminho.
Tenho toda a infância
Nas linhas duma balada
Mesmo a grande distância
Aqui ninguém deu por nada.
José do Carmo Francisco
(Óleo de André Henri Dargelas)
Poema autógrafo
para Adelino Gomes em 24-4-2019
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