Poema para a Escola Primária do Montijo
Pouco ou nada sei dos meninos da Escola do Montijo
Eu próprio estou na primeira fila mas não de certeza
A única certeza é a passagem do tempo em todos nós.
Havia só uma piada possível no Circo sobre o Arroios
Que tinha perdido no Luís Almeida Fidalgo por 8-0
Os palhaços jogavam com as palavras para dar o arroz.
Jogar com as palavras é o que todos nós afinal fazemos
Cada um no seu lugar, função ou competência particular
Umas vezes pela afirmação e outras pelo deixado
silenciar.
Alguns morreram talvez mas os mortos empurram os vivos
E é deles que vem a força para olhar o espanto do Mundo
Que todos os dias se repete nas novas manhãs a chegar.
Lembro ou julgo lembrar que o Moura era mais pobre
E o Joãozinho era talvez o mais rico da primeira classe
Mas isso pouco importa hoje no momento da fotografia.
Dê as voltas que isto der eu continuo a pensar o mesmo
Pouco ou nada sei
dos meninos da Escola do Montijo
Nem do menino que fui de bata branca há 60 anos.
José do Carmo Francisco
(Fotografia da colecção particular de JCF)
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